terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Abraço


"Venha na sua melhor forma... Algo muito especial vai acontecer "

Não sei exatamente o que ele queria dizer com isso, mas é sempre bom estar na sua melhor forma. Afinal não custa nada. Já tinha ido outras vezes a casa dele. Uma casa bem arrumada. Eduard era, definitivamente, uma pessoa encantadora.

Telassim entrou. Eduard apontou para o sofá. Ela sentou-se. Ele foi até a cozinha e voltou com uma garrafa de vinho e duas taças, estando uma delas já cheia. Ele pôs uma a garrafa sobre a mesinha da sala e sentou-se no sofá.
- Um pouco de vinho?- perguntou o perguntou enquanto já enchia a outra taça.
- Não, eu não bebo. Mas agradeço a gentileza.- Telassim só tinha bebido uma vez. Não agradava a idéia de beber perto de Eduard. Ela lembrava da ultima vez muito bem. Parecia ligada numa pilha. Muito animada. Muito.
- Vai me deixar bebendo sozinho? Por favor me acompanhe.- Ele estendeu a taça para Telassim que a recebeu meio receosa.
- Que seja o que Deus quiser...

E assim prosseguiram a noite. Sempre que ia a cozia, voltava com a taça cheia. Mas Telassim não percebia. Estava se embriagando com a presença do anfitrião. Depois de muitas conversas, risadas. Eduard ficou um pouco sério por um momento.
- O que foi? Algum problema?
- Não se preocupe minha cara, hoje a noite é sua.- Telassim não entendeu muito bem o porquê de a noite ser dela. Se bem que seu raciocínio estava um pouco alterado pelas três taças que tomara. Estavam no sofá. E como ela previa, estava se sentindo eufórica. Ele ria.
- Cansou?- Disse ele preechendo as duas taças.
- Não... eu tenho que me comportar... Mas eu estou bem. Não estou nem altinha.
- Não, nem um pouco...- Sendo Claramente irônico -Por esse motivo eu vou para de te servir de vinho.
- Mas por quê?
- Porque você altinha é engraçado, mas eu te quero sóbria. Não pensava que você era tão fraca pra bebida. Esse vinho é forte mas nem tanto.- Ele levantou-se para ir guardar a garrafa. Porem, antes mesmo de encostar na mesma, Telassim levanta-se, e tonta, quase vai ao chão. Eduard a segurou a tempo.
- Você é tão bonito Ed.
- Acho que é melhor você ficar deitada- Eduard a levanta, e a deita no sofá.
- Mas você parece solitário... - Disse com a voz baixa, um pouco enrrolada pelo alcool.
- E você me ajudaria a curar essa solidão?- Disse ele num tom mais baixo ainda, após deposita-la no sofá.
- Claro, é só dizer como- Ela estava começando a se animar.
- Basta você aceitar ser como eu.
- Como assim?

- Você ficaria ao meu lado?
- Assim... Ed...- Eduard pôs os dedos sobre os lábios de Telassim. Ela se calou.
- Eu tenho uma eternidade para você aceitar a minha proposta. Mas eu adoraria que fosse logo. Eu preciso de você...
- Ed...
- Ele a beija. Telassim se surpreende mas acaba cedendo àquela cena... uma cena que parecia ser

Mágica


As presas que perfuram a carne para roubar a vida do outro ser. O êxtase provocado em quem morde e em sua vítima. Uma droga que vicia. Cujo preço é o sangue ou a maldição. A volúpia da carne. O pecado da alma. Uma relação de morte e prazer numa eternidade passageira. Um instinto animalesco. Uma suavidade brutal. Onde a vontade subjuga a razão.

As unhas cravadas que marcam as costas, a boca que marca a carne, compõem esse quadro macabro. As mãos que percorrem o corpo, procuram saciar a alma com tanta veemência que a pele arrepia. O gosto do outro que fica na boca, o cheiro que emana, cheiro de sangue, o doce aroma desse líquido que nutre a vida invade as narinas, sufoca e provoca.

Seria possível não render-se á essa ânsia de querer mais?! Recusar esses braços que te envolvem, a essa boca que te beija?!Seria possível negar-se a participar dessa loucura infame, dessa peça teatral onde os atores interpretam seus papeis com extremo afinco, a fim de que essa fantasia torne-se real. Encantam a platéia numa vontade íntima de enganar a si.

Eles fingem sentir, eles tentam sentir, eles querem sentir. Aprisionados em sua existência torpe. Se apegam a qualquer coisa que lhes traga uma lembrança de como é ter uma sensação, mesmo que venha de um leito Maldito. Criaturas desesperadas e desamparadas presas a um rito de sangue.


E a mágica mostra-se macabra


Telassim nota que seu corpo começa a enfraquecer. Ela pode sentir os dentes em sua pele.
- Eduard, está doendo ...- Eduard a ignora e continua a roubar-lhe a vida. Ela lembra-se das conversas que tivera com ele. Lembra-se da proposta. Ela chegara a responder?! Não, não respondera, mas já estava ali e não havia mais volta. - Estou com medo - ela conseguiu balbuciar. Ele apenas a abraçou forte...
Aquilo era morrer? Iria padecer alí? Seu corpo ficava cada vez mais pesado, pesado ao ponto de ela não ter mais forças para se mover. Sentia apenas uma dor aguda no peito. Uma dor. Um cansaço. Lembra-se das coisas que deixara de fazer. Uma lágrima escorre pelo seu rosto. Não sabia se era pela dor, ou pelas recordações. O ar começava a faltar. Ela estava sufocando. A visão começou a ficar turva. Os sons ficaram mais longe. Até que seu corpo começou a ficar mais leve. Já não sentia mais nada... Era como se sua alma tentasse se libertar...

Ela se viu morrer...
...para renascer

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