quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Réquiem

O Réquiem por uma Daeva, Telassim Miller.


Os Daevas são amantes do belo. Em seu sangue corre o desejo de satisfazer para se satisfazer.
Se a vida é uma sorveteria, eles querem provar de todos os sabores, todos os aromas e todos os amores.

Isso torna-se complicado para um vampiro; pois eles irão, apenas, sentir o que já sentiram. E sempre sentirão a mesma forma de emoção, de novo, e de novo, e de novo; até o fim de suas existências. Com o tempo as emoções repetidas irão perder seu significado e o Daeva tentará se enganar, irá apaixonar para tentar sentir a paixão, irá seduzir, encantar tentará preencher o vazio dentro de si.

Ele, como um Daeva, irá procurar conquistar, com suas "armas" de vampiro, o que o fazia humano. Isso a princípio ilude. Disciplinas, poderes, potências de sangue, novas capacidades acompanhadas de limitações. Limitações essas que parecem ser compensadas pelas vantagens, mas com o passar dos anos o vampiro começa a sentir na alma a maldição. Uma maldição que se torna cada vez mais pesada com o tempo, que não se limita ao sono diurno ou a fobia do fogo, isso na verdade é apenas a parte mais vulgar dela. Seus efeitos corroem a alma. Silenciosamente... na cerne do ser.

(E incrível como só damos valor às coisas quando perdemos. Evoluir, é uma dessas coisas.)

O vampiro, principalmente aqueles que possuem o sangue dos Daeva, irá procurar as sensações novas mas elas fugirão de sua presença. E cada dia, a cada ano, que passar ele ficará, cada vez mais, imerso em suas farsas, suas tentativas fracassadas de sentir. E por tentar suprir essa necessidade, eles procurarão em todos os lugares e de todas as formas encontrar qualquer que seja a fagulha de emoção.

( Aprisionados em sua existência torpe. Se apegam a qualquer coisa que lhes traga uma lembrança de como é ter uma sensação, mesmo que venha de um leito Maldito. Criaturas desesperadas e desamparadas presas a um rito de sangue.)

E de tanto ressentir e "re -sentir", os Daevas se tornam conhecidos por emocionais, entre os clãs. Suas buscas fizeram-nos especialistas em sentimentos. Mas o sentimento acaba se tornando algo muito mais científico que emocional para eles... algo a se procurar, algo a se utilizar, algo a analisar, um meio, uma ferramenta, uma arma, uma brincadeira, um objetivo, um objeto.

Depois de tanto tempo se esquece a essência do "sentir"... Ela se perde por entre as décadas...

Uma eternidade é muito tempo, principalmente para quem não vive.

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